Síndrome gera pelo menos 1% de casos de retardo
Estudos descrevendo, uma síndrome
genética, que pode ser revelar uma das principais formas de deficiência mental,
foram publicados por três grupos independentes de pesquisadores.
Mais de 1.500 crianças foram
submetidas a uma nova técnica de análise de DNA por cientistas, organizados em consórcio
internacional. Os exames identificaram uma anomalia num dos
cromossomos (as estruturas enoveladas que abrigam, em seu interior, o material
genético) como a causa de um conjunto de sintomas em dez dessas crianças,
incluindo uma brasileira.
Segundo os pesquisadores, a síndrome hereditária se revelou responsável por 1%
dos casos de deficiência mental entre as populações analisadas no estudo. Pode
parecer pouco, à primeira vista, mas já é uma informação médica valiosíssima. "Não
temos diagnóstico para cerca de metade dos pacientes com retardo mental",
explica a geneticista Carla Rosenberg, professora do Instituto de Biociências
da USP, que assina um dos estudos ao lado de três colegas brasileiras e
colaboradores britânicos. "Eu testaria para essa síndrome toda criança com
retardo mental, cuja causa eu não conheço", diz Carla Rosenberg.
A anomalia é comum entre filhos de casais que possuem uma parte de seu DNA
invertida. As crianças portadoras da síndrome perdem um pedaço do cromossomo 17
e ficam com vários sintomas. Um dos genes afetados é o MAPT, que parece ter
papel importante no cérebro. Defeitos nele também estão associados a formas
hereditárias da doença de Alzheimer e do mal de Parkinson.
Os três estudos sobre a nova síndrome sairão em setembro na revista
"Nature Genetics" Todos os trabalhos se basearam num método
para análise de DNA em massa batizado de "array CGH”.
"Essa técnica permite ver sequências de DNA -que foram perdidas ou
que estão aumentadas- em uma escala de dez a cem vezes menores do que vemos no
microscópio", diz Rosenberg. "Isso tem aumentado muito a nossa
capacidade de descobrir e entender as causas de retardo mental".
O mesmo método já havia sido usado pelo grupo de Bert de Vries na Universidade
Radboud de Noviomago, na Holanda, para identificar uma outra anomalia genética.
Ele descreveu a síndrome Charge, que causa problemas cardíacos, nervosos e
outros. De Vries liderou o segundo dos três estudos publicados agora.
“Essa ferramenta (o array CGH) nos
permitiu fazer em um único experimento o que levaríamos meses usando métodos
convencionais", disse em comunicado à imprensa Andrew Sharp, da
Universidade de Washington (EUA), autor principal do terceiro estudo.
Uma coisa que ainda não ficou clara para os pesquisadores é a incidência da
anomalia recém-descrita. "Dentro da escala de síndromes de atraso de
desenvolvimento e retardo mental, é uma síndrome bastante frequente", diz
Rosenberg. "Mas o valor de 1% entre casos de deficiência mental ainda
precisa ser mais bem apurado." Já se sabe, por exemplo, que o problema não
deve existir entre negros, mas ainda não há uma estimativa precisa para
populações cuja origem genética vai além da contribuição europeia, como a
brasileira.
Fontes: http://www.scielo.org
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