Olá, pessoal! Tudo bem?
Nesse desafio de criar um blog
informativo e didático, para alunos e professores, com aulas práticas,
curiosidades, matérias interessantes, e tal, encontrei uma aula prática para
ser feita em laboratório, com instrumentos de laboratório e materiais
encontrados em laboratório. Essa aula prática engloba assuntos como Genética e Imunologia.
Resolvi postar sobre o Sistema ABO.
O Sistema ABO é o sistema que
classifica o sangue humano em quatro tipos: A, B, AB e O. Este sistema foi
descoberto em 1900, pelo austríaco Landsteiner.
A aula
prática proposta abaixo é de caráter demonstrativo, com resultados
previsíveis e altamente explicativos. O professor deverá coletar, ou mostrar
como se coleta, gotas de sangue de um pequeno furo feito no dedo de alguns
alunos que se candidatarem,
para que a aula seja efetuada.
Procedimento:
1. Coloca-se numa lâmina de
microscopia, lado a lado, uma gota de soro anti-A e outra de soro anti-B.
2. Sobre
cada gota de soro coloca-se uma gota do sangue a ser identificado.
Observando-se o resultado:
1. Se não houver aglutinação em
nenhum dos lados, o sangue em exame é do grupo O.
2. Se houver aglutinação nos dois
lados, o sangue é do grupo AB.Se houver aglutinação somente com o soro anti-A,
o sangue é do grupo A.
3. Se aglutinar somente com o soro
anti-B, o sangue é do grupo B.
Repetir o mesmo procedimento para
o fator Rh.
Fator Rh (Rhesus) ou Fator D.
-
85% das pessoas possuem nas hemácias um antígeno chamado fator Rh. Estas
pessoas são Rh+ (positivas). 15% das pessoas não possuem nas hemácias o
fator Rh e
são Rh- (negativas).
Veja na tabela abaixo a
compatibilidade entre os diversos tipos de sangue:
ABO
|
Substâncias
|
%
|
Pode receber de
|
||||||||
Tipos
|
Aglutinogênio
|
Aglutinina
|
Frequência
|
A+
|
B+
|
A+
|
0+
|
A-
|
B-
|
AB-
|
O-
|
AB+
|
A e B
|
Não Contém
|
3%
|
X
|
X
|
X
|
X
|
X
|
X
|
X
|
X
|
A+
|
A
|
Anti-B
|
34%
|
X
|
X
|
X
|
X
|
||||
B+
|
B
|
Anti-A
|
9%
|
X
|
X
|
X
|
X
|
||||
O+
|
Não Contém
|
Anti-A e Anti-B
|
38%
|
X
|
X
|
||||||
AB-
|
Ae B
|
Não Contém
|
1%
|
X
|
X
|
X
|
X
|
||||
A-
|
A
|
Anti-B
|
6%
|
X
|
X
|
||||||
B-
|
B
|
Anti-A
|
2%
|
X
|
X
|
||||||
O-
|
Não Contém
|
Anti-A e Anti-B
|
7%
|
X
|
|||||||
ASSUNTOS RELACIONADOS À PRÁTICA
QUE O PROFESSOR PODE APROVEITAR PARA DISCUTIR COM OS ALUNOS:
GENÉTICA
Como ocorre a Herança dos Grupos
Sanguíneos no Sistema ABO?
A produção de aglutinogênios A e
B são determinadas, respectivamente, pelos genes I A e I B. Um terceiro gene, chamado i, condiciona a não produção de
aglutinogênios. Trata-se, portanto de um caso de alelos múltiplos. Entre os
genes I A e I B há co-dominância (I A = I B), mas cada um deles domina o gene i (I A > i e I B> i).
Fenótipos
|
Genótipos
|
A
|
I AI A ou I Ai
|
B
|
I BI B ou I Bi
|
AB
|
I AI B
|
O
|
ii
|
IMUNOLOGIA
Aglutinogênios e aglutininas
No sistema ABO existem quatro
tipos de sangues: A, B, AB e O. Esses tipos são caracterizados
pela presença ou não de certas substâncias na membrana das hemácias, os
aglutinogênios, e pela presença ou ausência de outras substâncias, as
aglutininas, no plasma sanguíneo.
Existem dois tipos de
aglutinogênio, A e B, e dois tipos de aglutinina, anti-A e anti-B. Pessoas do
grupo A possuem aglutinogênio A, nas hemácias e aglutinina anti-B no plasma; as
do grupo B têm aglutinogênio B nas hemácias e aglutinina anti-A no plasma;
pessoas do grupo AB têm aglutinogênios A e B nas hemácias e nenhuma aglutinina
no plasma; e pessoas do grupo O não tem aglutinogênios nas hemácias, mas
possuem as duas aglutininas, anti-A e anti-B, no plasma.
Traduzindo: As hemácias que apresentarem o
aglutinógeno A em suas membranas serão classificadas como sendo do
“tipo A”; hemácias com aglutinógeno B serão classificadas como “tipo B”; quando possuírem os dois
aglutinógenos ao mesmo tempo, serão classificadas como “tipo AB”, e se não possuírem nenhum dos dois, serão chamadas
de “tipo O”.
Indivíduos do grupo A não podem
doar sangue para indivíduos do grupo B, porque as hemácias A, ao
entrarem na corrente sanguínea do receptor B, são imediatamente
aglutinadas pelo anti-A nele presente. A recíproca é verdadeira:
indivíduos do grupo B não podem doar sangue para indivíduos do grupo A.
Tampouco indivíduos A, B ou AB podem doar sangue para indivíduos O, uma
vez que estes têm aglutininas anti-A e anti-B, que aglutinam as hemácias
portadoras de aglutinogênios A e B ou de ambos.
Assim, o aspecto realmente importante da
transfusão é o tipo de aglutinogênio da hemácia do doador e o tipo de
aglutinina do plasma do receptor. Indivíduos do tipo O podem doar sangue
para qualquer pessoa, porque não possuem aglutinogênios A e B em suas
hemácias. Indivíduos, AB, por outro lado, podem receber qualquer tipo de
sangue, porque não possuem aglutininas no plasma. Por isso, indivíduos
do grupo O são chamadas de doadores universais, enquanto os do tipo AB
são receptores universais.
Eritroblastose fetal:
Uma doença provocada pelo fator Rh é a
eritroblastose fetal ou doença hemolítica do recém-nascido,
caracterizada pela destruição das hemácias do feto ou do recém-nascido. Quando a mãe é Rh- e o bebê Rh+ (o pai deverá ser Rh+, para que o bebê possa herdar o fator), a mãe fabrica anticorpos contra o fator Rh, e numa segunda gestação, caso o bebê seja Rh+ novamente, esses anticorpos destruirão as hemácias do bebê, levando ao retardo mental ou até a morte.
Após o nascimento da primeira criança toma-se uma medida profilática, injetando na mãe Rh-, soro contendo anti-Rh. A aplicação logo após o parto, destrói as
hemácias fetais que possam ter passado pela placenta no nascimento ou
antes. Evita-se , assim, a produção de anticorpos “zerando o placar de
contagem”. Cada vez que um concepto nascer e for Rh+ deve-se fazer nova
aplicação pois novos anticorpos serão formados.
O diagnóstico pode ser feito pela tipagem sanguínea
da mãe e do pai precocemente e durante a gestação podendo detectar se está havendo a produção
de anticorpos pela mãe e providências podem ser tomadas. Uma transfusão,
recebendo sangue Rh -, pode ser feita até mesmo enquanto o bebê ainda está no útero. O sangue
Rh - não possui hemácias com fator Rh e não podem ser reconhecidas como
estranhas e destruídas pelos anticorpos recebidos da mãe. Após cerca de
120 dias, as hemácias serão substituídas por outras produzidas pelo
próprio indivíduo. O sangue novamente será do tipo Rh +, mas o feto já
não correrá mais perigo.
Espero que a escolha do assunto tenha sido interessante, e que os alunos, levados pela curiosidade, assim como eu, tenham coragem de furar seus dedos e descobrirem seu tipo sanguíneo e Fator Rh.
Fontes:
Apostila de
Aula Prática de Genética
Faculdade
Assis Gurgacz
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